terça-feira, 9 de agosto de 2011

O Cigano Peregrino - 16


Naquela noite, deixei meu corpo dormindo e viajei no astral, fui atraído por uma vibração refrescante que vinha de um imenso teatro e decidi entrar nele. Tinha a forma circular e suas paredes eram brancas.
Cheguei à entrada e fui saudado amavelmente por um casal que vestia túnicas  violetas:
- Em ti saúdo a Criação! – Disse-me ela.
- Em vocês, saúdo a Mãe Cósmica! – Fiquei surpreso por ter verbalizado aquilo, mas já estava me acostumando com meus repentes.
- Como se chama? – Perguntou-me ele sorrindo.
- Gilberto – respondi.
- O que vem buscar aqui? – Foi a vez dela.
- Senti-me atraído pelo fescor. Posso entrar?
Eles permitiram. Entrei e de repente vi minhas vestes mudando de forma e de cor. Passei a usar uma túnica vermelha.
Cheguei diante de um grande auditório, cheio de cadeiras que davam para um palco suavemente iluminado por todas as cores do arco-íris. Percebi que nas primeiras fileiras, sentavam-se pessoas com túnicas violetas; atrás delas, pessoas com túnicas em tom anil; depois, outras com vestes azul claras; depois verdes ou rosadas; depois amarelas; depois vermelhas e nos últimos assentos, pessoas com túnicas cor de laranja.
Uma ser andrógino que vestia uma túnica com todas as cores me abordou amavelmente, olhando nos meus olhos e sorrindo para mim:
- Que bom que veio!
Abiu os braços e senti tanta amorosidade vindo daquela pessoa que foi irresistível deixar-me envolver naquele abraço e trocar energia com ela. Foi o abraço mais gostoso que eu havia recebido até ali.
- Como é bom ver você! – Eu lhe disse.
- Seja bem-vindo, Gilberto.
- Quanto amor você passa! Como se chama?
- Emmanuel.
- Amo você, Emmanuel!
- Eu te amo também, Gilberto.
- O que vai acontecer aqui?
- Estudo.
- Devo me sentar numa das cadeiras da ala vermelha?
- Sim.
- Por que as separações por cores?
- É o Universo. O Uno na Diversidade. As diversas formas de sermos uma Unidade.
- E por que não juntar todas as cores? Por que todos não temos vestes como as suas?
- As cores indicam o quanto se andou. Não se preocupe. Haverá o momento da Aquarela, mas nunca se esqueça que sem Ordem, não há Harmonia.
Emmanuel sorriu para mim e eu lhe retribuí. Dirigi-me a uma cadeira vazia, onde se agrupavam pessoas com túnicas vermelhas e fui logo fazendo amizade com duas mulheres bem-humoradas, Marly e Bete:
- É sua primeira vez? – Perguntou-me Marly, a morena.
- Sim. Vocês vêm sempre?
- Há alguns anos terrestres – respondeu-me Bete.
Ouvi-mos uma música suave que tranquilizou mais ainda o ambiente e gerou em nosso interior a vontade de fechar os olhos, de nos interiorizarmos e nos prepararmos para o começo dos trabalhos. Um delicoso perfume de flores se espalhou pelo ar, despertando em mim deleite e alegria e foi aí que Emmanuel subiu ao palco e disse:
- Eu vos desejo amor!
Todos responderam:
- Eu te desejo amor!
Uma vibração poderosa tomou conta do ambiente. Frequências de Amor emergiam de várias pessoas e se confluiam numa grande onda que alimentava a todos e transbordava para o Cosmos.
- Sua nova matéria será energia pura – disse Emmanuel.
Aquela única frase causou em mim alterações descomunais. Naquela dimensão percebi que não eram necessários longos discursos para grandes ensinamentos. Vi que a verdadeira aprendizagem estava na simplicidade e na intensidade com que aquele ser transmitia para nós o que ele realmente vivia. Vinha de dentro e aquilo foi emocionante.
Após alguns instantes, todos os que estávamos ali nos misturamos. Não havia mais separação por cor de túnica. Cada um de nós tornou-se um mestre e um aprendiz em potencial e cada experiência era uma lição para todos que participavam do compartilhamento.
Despedi-me de Emmanuel e ele me falou ter ficado muito feliz com a minha visita e me disse que eu poderia voltar lá à hora que quisesse. Seguramente eu retornaria àquela fonte de sabedoria e de amor, pois eu também me senti muito feliz por ter estado ali.
Voltei para o meu corpo.

2 comentários:

  1. Quanta coisa se perde com o pensamento puramente lógico, mas ainda estou presa nele. Bjos, irmão.

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