domingo, 14 de agosto de 2011

O Cigano Peregrino - 18


À noite, adormecemos após o amor e viajamos astralinamente juntos até o auditório. Richard estava encantado e se emocionou ao conhecer Emmanuel. Entramos com túnicas vermelhas e nos sentamos em nossa fileira. Reencontrei Marly e Bete e as apresentei ao meu companheiro. Falamos amenidades até iniciarem os trabalhos.
Emmanuel chegou ao palco e disse:
- A matéria é sustentada pelo espírito. Ciência e razão sem espiritualidade é como casa sem alicerce.
Fechamos os olhos e meditamos nas palavras do nosso amigo. Os desdobramentos daquele ensinamento em minha mente me punham completamente energizado. Vi a ideia de se construir um automóvel descendo do alto e sendo intuida por um homem. Ele se apoderou dela, a estudou e a concretizou. Depois nem se deu conta de que antes da manifestação material, o carro já existia espiritualmente.
- A verdadeira ciência tem por objetivo tornar os seres humanos melhores do que já são. Se quiserem estudar algo ou alguém, coloquem-se no lugar do objeto de estudo e ame-o como a si mesmos.
Mais uma vez minha mente viajou dentro dos ensinamentos daquele ser que pouco falava e muito exibia, e visulaizei Thomas Edson no processo da invenção da lâmpada. Vi o quanto ele se tornou a própria coisa inventada, porque ela era nada mais nada menos que uma extensão dele mesmo.
Ao final do estudo, houve uma deliciosa confraternização, fizemos novas amizades, despedimo-nos e retornamos aos nossos corpos físicos.

No dia seguinte, após partilharmos as experiências vividas no astral, meu parceiro me questionou:
- O que você pensa da intuição, Giba? – Eu adorava quando ele me chamava assim.
- Penso que é o que há de mais profundo em nosso psiquismo – respondi.
- Eu o considero super intuitivo. Como desenvolveu isso?
- Você me acha isso mesmo?
- Claro que acho. Como desenvolveu? Responda sem racionalizar.
Num átimo respondi:
- Desloquei o centro da minha personalidade para o mais profundo de mim mesmo e pude descobrir em mim novos sentidos psíquicos além dos físicos. Quanto mais sútil, eu me tornar, maior percepção terei.
- Que belo!Pode intuir o que estou pensando?
Ele fechou os olhos e pôs-se a pensar em algo. Concentrei-me e li seus pensamentos.
 Em seguida, estávamos novamente nos amando.

Noutra noite, fomos novamente ao estudo presidido por Emmanuel e para mim, foi uma das mais belas. Ele disse:
- A vida de um ser é muito mais do que as dores e as alegrias que ela contém. É descoberta! É muito mais do que o cansaço do sofrimento e do trabalho; é superação. Quem for de fato inteligente, perceberá que o espírito é a única realidade palpável. Amadureçam e creiam no espírito. Tudo é espiritual, inclusive o que há de aparentemente mais denso.
“Sempre haverá uma chance de vocês aliviarem cada vez mais o seu fardo: amem-se. Se o indíviduo se ama, ele se espiritualiza e consequentemente fará o que é bom para si mesmo. Por isso, ficará feliz e não terá problemas em transmitir esse amor ao próximo”.
Abandone o que não lhe faz sentir-se bem”.
“Esse estado é contagiante e eu espero que pela luz do espírito, do poder do amor a si e ao próximo, do prazer de fazer o que gosta – sem prostituição – e da vontade de evoluir sem dor e sem violência, cada um seja feliz, cada um seja divino em sua humanidade e humano em sua divindade. Que assim seja”!

Após nossos passeios pelo astral, retonávamos aos nossos corpos felizes e cheios de vida. Richard era um excelente companheiro e às vezes, embora eu estivesse no firme propósito de viver aquele presente, me batia uma tristeza na alma, já antevendo que a qualquer hora poderíamos estar nos separando.
Certo dia, ele me disse que dali a sete dias teria que partir. Choramos e lamentamos, mas sabíamos que deveria ser assim. Nossos últimos dias juntos foram aproveitados com muita conversa, com muito amor, companheirismo e viagens astrais. Aprendemos muito um com o outro, mas cada um tinha sua rota e a separação foi inevitável.
Numa manhã de sol, meu amado partiu. Não houve palavras em nossa despedida; só um longo abraço e um beijo suave. Jamais nos esqueceríamos, ainda que tivéssemos milhões de homens ou mulheres depois dali.

Dos Estados Unidos, fui para o México. Fiquei um tempo na capital e depois parti para Cancún; de lá, segui para minha próxima parada: Chitzen Itza.

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