quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O Cigano Peregrino - 17


Pela manhã, eu e Richard acordamos. Ele me contou alguns sonhos e eu lhe falei da minha experiência, o que o deixou louco para me acompanhar na próxima vez em que eu voltasse ao auditório.
Preparamos nosso desjejum e nos resfestelamos.
Era muito bom estar em sua companhia. Estávamos sempre conversando sobre coisas das quais gostávamos ou fazendo amor e até no silêncio era bom ficar com aquele homem de bem.
Dentre muitas conversas que tivemos, uma que me marcou profundamente foi a seguinte:
Estávamos na cama após termos feito sexo e ele me disse:
- Percebe quanta energia estava concentrada em nós dois antes de transarmos?
Eu ainda estava meio sonolento pelo efeito do orgasmo e perguntei a meu amante sobre o que ele estava falando, ao que ele me respondeu:
- Falo de energia, querido. Nós somos matéria e matéria é energia. Nascemos da concentração de energia e morreremos quando essa energia se desagregar. Quando estamos no despertar do tesão, no jogo da sedução, estamos concentrando energia.É o nascimento da intenção do sexo. Então nos entregamos com a finalidade de proporcionarmos prazer um a ou outro. Ao atingirmos o êxtase, essa energia se desagrega e é como morrer, para que em outro momento, renascidos do amor que nos alimenta,  possamos novamente começar a dança da entrega.
- Penso na concentração de energia que estava em nossos pais quando eles transaram e nos fecundaram. É fantástico!
- Nascemos, evoluímos, sendo unidades nos fundimos ao coletivo, morremos, renascemos e o ciclo segue infinito.
- Vejo que tudo é movimento... É veloz!
- O conceito de concretude some diante do conceito de elétrons girando em torno de um núcleo em alta velocidade. Conversamos sobre isso ontem. Olhe aquela rosa parada!
Eu olhei a rosa vermelha que estava no jarro e ele prosseguiu:
- Ela está parada aos nossos olhos, mas é repleta de átomos e cada um deles tem um núcleo com não sei quantos elétrons girando ao seu redor, não é louco isso?
- É muito louco!
- Amo você, Gilberto!
- Também te amo, Richard.
Abraçamo-nos e ele me disse:
- Nossa! Seu corpo está quente!
- Impossível isso não acontecer com você ao meu lado.
- Genial! Esse calor indica aumento da velocidade nos seus sistemas atômicos-moleculares.
- O calor infunde em mim um ritmo mais intenso. Sinto-me mais potente, mais eu mesmo... É como se meu volume tivesse aumentado!
- Não é “como se”. Vecê está realmente dilatado de tanto calor. Onde quer que esteja, o sol excita a dança dos átomos e todos nós respondemos a essa provocação. O sol me excita e esse fogo eu passo para você e nós dançamos a dança da vida. Todos nós que nos abrimos para o amor somos autênticos condutores de energia e damos vida a tudo o que existe no Universo.
- O mesmo sol que fecunda e dá a vida, queima e mata – ponderei.
- O sol é como um amante, meu querido. Há que se ter equilíbrio na forma com a qual nos relacionamos com ele. Se ficarmos expostos muito tempo aos raios solares, incluindo nas horas mais perigosas, estaremos sujeitos ao câncer de pele. Se amarmos execessivamente alguém, poderemos sufocá-lo e isso matará qualquer alegria.
- Na Natureza estão todas as Leis para que tenhamos uma vida saudável – constatei.
- E tudo isso é perfeito – ele concluiu.

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