terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Cigano Peregrino - 12

CAPÍTULO 2

EL MORO – Colorado, EUA.

“Porque se chamava moço, também se chamava estrada, viagem de ventania...”
Lô Borges.

Aterrisei e desembarquei no Aeroporto Internacional George Bush, em Houston sem nenhum problema. Aquilo era inacreditável. Mediante meu desejo, mediante meu comando eu estava passando por  cima de regras de segurança básicas naquele país. E o mais intrigante foi quando eu estava no avião e notei que compreendia claramente o idioma inglês, sem as dificudades costumeiras que eu sentia. Perguntei-me o motivo daquilo e obtive logo a resposta dentro da minha cabeça: Com as regressões que você viveu, relembrou dos conhecimentos que estavam guardados em seu átomo primordial.Como você já falou inglês antes, só está recordando e pondo em prática.
Em Houston, consegui um guia de viagem numa banca de revistas e localizei El Moro, meu destino. De lá, empreendi uma longa jornada: fui para San Antonio; depois El Paso; rumei para Albuquerque, Las Vegas, Trinidad e por fim, cheguei ao mágico deserto.
Aquela infinidade árida, o céu, o calor, as formações rochosas, a energia do lugar, tudo, tudo me deixou completamente encantado.
Sentindo-me um autêntico eremita, mergulhado naquela sagrada solidão, dirigi-me a uma gruta e lá tive uma grata surpresa: Vi um jovem loiro, nu e belo contemplando aquele recinto sagrado. Ao perceber minha presença, olhou-me naturalmente, sorriu para mim e voltou novamente sua atenção para as pedras, como se já me aguardasse há algum tempo. Sorri para ele e me aproximei:
- Seja bem-vindo – saudou-me em inglês.
- Obrigado. Bom te encontrar aqui. – Falei em inglês e ratifiquei que minha capacidade de construir frases e minha pronúncia estavam muito melhores.
- Oh, sim! - Qual é o seu nome? –
- Gilberto.
- Prazer em conhecê-lo – ele me estendeu a mão e eu a apertei sentindo-me atraído por sua pessoa – O meu é Richard.
- É um prazer, Richard!
- Vem de onde?
- Saí do Brasil, cheguei ao Peru. Fui a Machu Picchu e de lá vim para cá.
- Mas fala inglês tão bem! Pensei que fosse mexicano e que morasse nos EUA por um longo tempo...
- Você é americano.
- Sim. Nasci em Washington.
- O que faz aqui?
- E você?
- Perguntei primeiro.
- Ok! Sou estudante de xamanismo e tomo peiote para aprender a sonhar acordado. Eu poderia fazê-lo por meios mais saudáveis, mas ainda sou muito racional e preciso romper com esse limite e só a planta pode  me ajudar. Gosto de tomar o chá aqui, pois é o lugar mais aproriado para alterar meu estado de consciência. Estou acampado aqui também. Se quiser ficar, vai me alegrar muito.
- Fico sim, vai ser bom também pra mim. Que acontece quando toma o chá?
- Encontro meu Aliado e aprendo muitas coisas.
- Quem é seu Aliado?
- Um Guia Espiritual chamado Águia Negra. E você, o que faz aqui?
- Sou um peregrino. Vim em busca de aventura e conhecimentos.
- Que bom! Quer tomar o chá comigo?
Eu olhava para os olhos e para a boca daquele jovem e me sentia profundamente seduzido e percebia que a recíproca era verdadeira.
- Há sufuciente para nós dois?
- Há. Será um prazer viajar com você. Não é à toa que nos encontramos aqui. Penso que temos muito a aprender um com o outro.
- Certamente.
- Você é um homem bonito! – Disse-me.
- Você também – correspondi.
Demo-nos um abraço carinhoso e nossos sexos, que já estavam duros, se roçaram.
- O que essa serpente quer? – Perguntou-me apalpando-me.
- O que for bom para nós – Respondi.
Beijamo-nos com carinho.
Ele reavivou uma pequena fogueira e despejou um pouco de água de um cantil numa panela. Quando a água começou a ferver, ele pôs o vegetal na panela e a tampou. Também me despi.
Enquanto o chá era feito, trocamos carícias. Por um momento, pensei em Clara, mas já era algo tão distante que não consegui sustentar o pensamento nela. Estar nos braços de Richard era bem mais interessante.

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