domingo, 31 de julho de 2011

O Cigano Peregrino - 11


Após mais uma noite de amor nas alturas, descemos e fomos para Águas Calientes.
Durante mais uma semana em que ficamos juntos, ela me levou ao Templo do Condor, à Tumba Real e a algumas praças e a cada dia íamos curtindo os momentos e nos preparando para a despedida.
Certa manhã, acordei e vi que seu lado na cama estava sem ela. Havia uma rosa vermelha e um bilhete que dizia assim:
“E tudo na vida passa. Fui para La Paz cumprir uma missão e não pense que é com alegria que me separo de você; só o faço porque sei que é preciso e muitas vezes na vida, o que nos faz feliz não é o que deve ser mantido.
Vá para “o lugar que fica entre os mundos” chamado El Moro. Um Mestre dos cabelos de fogo o espera lá.
Amo-te, Gilberto!
Para Sempre
Da tua,
Clara.”

Triste e choroso, ainda fiquei dois dias em Águas Calientes aguardando sua volta, mas foi em vão. Juntei minhas forças, “sacudi a poeira e dei a volta por cima”. Arrumei minhas poucas coisas, deixei também umas linhas escritas para ela, dizendo o quanto eu a amava e uma rosa branca.
Parti então para Lima, pois de lá, deveria me virar para ir para El Moro viver novas aprendizagens.
Fui a uma agência de turismo comprar minha passagem para New York. Com meu passaporte estava tudo bem , mas eu não tinha o visto e nem havia pensado nisso. O que poderia fazer? Foi quando me lembrei da última conversa que tive com Clara, na qual eu lhe perguntara sobre as alterações moleculares que aconteceram comigo e ela me respondeu que minha intuição me mostraria as respostas à medida que eu necessitasse.
Liguei-me em minha intuição e a resposta que obtive foi que eu deveria comprar a passagem mesmo sem possuir visto. Achei aquilo um absurdo, mas não recuei e o funcionário tentou me demover do meu intento, dizendo-me que não poderia me vender a passagem, que seria um dinheiro perdido, que poderia se prejudicar e que eu jamais conseguiria embarcar para os EUA nas minhas condições.
Foi então que olhei bem nois seus olhos e mentalmente eu lhe pedi: Deixe de conversa, rapaz, e me venda logo minha passagem.
Como por encanto o homem sorriu para mim e me vendeu a passagem com 20% de desconto. Percebi que de alguma forma, eu havia conseguido manipulá-lo. E minhas questões no momento foram: Será que foi minha forma de olhar para ele? Será que foi o meu pedido? Será que foi os dois? Será que isso tem a ver com a alteração molecular que eu sofri?
E diante de tantas perguntas, resolvi ficar alerta e me observar dali por diante, para obter minhas respostas.
Um dia depois cheguei ao aeroporto e no momento de fazer o check-in, a linda peruana me pediu o visto. Só para testar, olhei nos olhos dela e pensei: Esqueça o visto, bonita. Eu não preciso disso.
Ela sorriu sensualmente e me deu a passagem. Entrei em êxtase! Eu realmente estava conseguindo burlar o sistema com o poder da minha mente! Isso em mãos erradas poderia ser fatal, mas nas minhas, o Universo podia ter certeza de que eu nada faria para prejudicar pessoa ou nação alguma... Só que ainda estava cedo para eu “cantar de galo”. Faltava passar pela fiscalização e aterrisar nos Estados Unidos.
Enchi-me de confiança e plasmei a imagem de mim embarcando sem problemas e assim aconteceu: nem pediram meu visto, nem me revistaram. Passei tranquilo e embraquei no avião rumo a novas aventuras.

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