sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Epílogo

Nesse tempo de dúvida, recebi de Maya um grande presente: O livro “Sete Ciganos”, que conta a história do meu pai Shalom Carín e dos seus amigos ciganos, que partiram para as estrelas. Durante uma semana devorei o livro e no final, tomei minha decisão de partir e a incumbi de concluir meu relato.
Adeus, amigos!

A partir desse ponto, eu, Maya, assumo a narrativa dessa encantadora história. Todos fomos para o templo de Kali. Chagando lá, pedi a todos que nos despíssemos e assim foi feito. Para cada um de nós havia um balde com banho de jasmim e uma tigela. Pedi que cada um se banhasse, com a intenção de se purificar e assim o fizemos. Senti-me bastante feliz e percebia o mesmo com relação aos demais. Eu contemplava o semblante sereno de Gilberto Carín e me enternecia com o Amor que fluía de seus poros. Clara, Richard, Chencha, Coiote, Maria e Nasser emanavam sentimentos deliciosos de amor e amizade.
Incensos queimavam, velas ardiam, frutas exalavam aromas afrodisíacos, música diáfana elevava nossas emoções e pensamentos, meu corpo e minha alma ardiam de desejo, de paixão e de amor pelo Cigano. Mesmo antes de conhecê-lo, eu já sonhava com ele e já o amava. Parte de mim se ressentiu de eu poder usufruir tão pouco de sua presença e de sua carne, mas tê-lo em minha casa, conhecer mais um pouco da sua alma e poder auxiliá-lo a fazer a Grande Viagem, oferecendo-me de corpo e alma, na primeira e última relação sexual que tivemos foi tudo para mim. Ele já estava muito sutil. Se tivéssemos copulado antes, teria partido para qualquer outro lugar, porque o orgasmo é o único meio de transporte para outros Universos e só poderíamos mesmo fazê-lo uma única vez, a fim de que ele pudesse cair do Buraco Negro com segurança e certeza. Considero-me uma mulher abençoada por isso.
Depois de nos banharmos, eu disse ao Cigano que aquela era a hora de ele se despedir dos nossos amigos.
Ele se dirigiu a Clara, segurou em suas mãos e lhe disse:
- Eu lhe sou muito grato por ter me guiado até a Primeira Dimensão e por ter me propiciado aventuras maravilhosas nos mundos subterrâneos.
- Também lhe sou grata – foi a vez dela – por tudo o que vivemos e que você me ensinou. Te amo!
- Também te amo!
Gilberto e Clara beijaram-se com paixão e ele se dirigiu a Richard:
- Meu doce amigo, com você conheci a Segunda Dimensão, os elementais e o mundo microscópico. Com você, harmonizei minha lucidez com minha insanidade.
Com lágrimas nos olhos, o belo Richard falou:
- Nunca o esquecerei, Cigano.
Eles se beijaram com sofreguidão e o Peregrino parou diante de Chencha:
- Minha querida companheira, você me conduziu pelos caminhos da Terceira e da Quarta Dimensão e é a mãe de uma parte de mim que fica na Terra. Eu a amo!
- Nunca me esquecerei do seu “Streaptease”! – Ela falou e todos rimos, soubemos de quando ela o submeteu a um teste: Ela só transmitiria os ensinamentos para ele, se ele se despisse em público e ele o fez... Homem imprescindível!
Beijaram-se, abraçaram-se e ele se posicionou diante de Coiote Vermelho:
- Meu amado Coiote, como foi bom ter sido guiado por você pela Quinta e pela Sexta Dimensões!Tivemos momentos lindos de amor.
- Nunca se esqueça de que você é o único senhor da sua vida.
Beijaram-se e ele passou para falar com Maria do Céu:
- Mulher do Graal! Minha estrela guia pela Sétima Dimensão. Fui muito feliz ao seu lado.
- Eu não sei o que dizer, meu amado!
Maria do Céu abraçou-o e os dois ficaram alguns instantes naquela posição. Beijaram-se e ele se dirigiu ao simpático Nasser:
- O destino foi muito generoso conosco, Nasser!
- Com certeza, irmão.
- Obrigado por ter-me guiado no encontro com a Mente Divina!
- Foi um prazer!
Eles também se beijaram e foi a vez de Gilberto parar diante de mim. Dos seus olhos saiam chispas de fogo e eu me arrepiei toda quando segurou minhas mãos. Sua grandeza me tomou por completo e fiquei sem ação:
- E agora, Deusa Maya – disse-me com sua voz ao mesmo tempo branda e titânica – Leve-me daqui.
- Será uma honra, meu amigo, meu esposo, meu irmão! – Falei.
Retirei a imagem de Kali do altar e a coloquei numa base de mármore. Finalmente eu iria realizar o tão sonhado Hiero Gamos! Eu esperei anos por aquilo e a hora havia chegado.
Retirei o lençol e todos se maravilharam com o que viram: uma cama de ouro maciço que resplandecia nossas energias.
Gilberto pegou-me pela mão e conduziu-me ao altar. Deitamo-nos e começamos a nos acariciar. Os outros seis aproximaram-se do leito, tocando-o e potencializando nossa paixão. Não éramos apenas nos dois fazendo amor, mas nós oito, o Infinito.
O Cigano penetrou em mim com doçura. Nossos corpos deitados no ouro, as mãos dos nossos amigos tocando o leito, o movimento, as ondas crescentes de prazer, as velas, os incensos, as frutas e aquele homem todo dentro de mim prestes a partir para sempre... Senti a aproximação do clímax. Nós o atingiríamos no mesmo instante. Agarrei-o com força como se pudesse segurá-lo na Terra e eis que gozamos infinitamente. Uma chuva de estrelas caiu e me vi pairando sobre a Via Láctea com o Peregrino. Divisamos o Buraco Negro e comecei a sentir-me atraída pela força que emanava dele:
- Vamos! – Gilberto convidou-me.
- Não posso.
- Eu te amo!
- Também te amo... Ficamos tão pouco tempo juntos!
- A eternidade nada mais é que um instante – disse-me e soltou minha mão.
Vagarosamente ele foi se aproximando do Buraco Negro e eu, retornando à Terceira Dimensão. De repente eu o vi sendo tragado pela super-gravidade numa rapidez incrível. Meu Cigano Peregrino havia partido... Para sempre!

Retornando ao altar, vi-me só. Encolhi-me, ficando em posição fetal. Sentia-me vazia e plena; abandonada e totalmente amada. Explodi num choro que virou riso e tive o acolhimento de meus seis amigos que cuidaram de mim, protegeram-me e durante uma semana ficaram ao meu lado. Nós sete nos consolamos e passamos momentos deliciosos relembrando as loucuras de Gilberto Carín.
Quando cada um partiu para seu país, para sua vida, voltei ao templo de Kali. Cobri o altar com o pano branco; pus a imagem no lugar onde ela sempre ocupou e rezei por meus amigos, por Gilberto. Senti sua falta. Perguntei-me se o veria novamente e que novas aventuras estaria ele vivendo naquele momento... Mas penso que isso são coisas de outros Universos e não nos cabe no momento saber o que acontece por lá... A não ser que tenhamos a coragem de passar pelo Buraco Negro e nos perdermos para sempre de tudo o que um dia conhecemos.

Maya.

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