quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Cigano Peregrino - 39

CAPÍTULO VI

CAIRO

“Em vez de cabelos trançados, teremos turbantes de Tutankhamon”.
Carlinhos Brown.

Havia grande movimento no aeroporto da capital egípcia e me senti um tanto sufocado. Tentei telefonar para Nasser, mas não obtive resposta. Chamava e ninguém atendia. Dei um tempo no aeroporto, visitei lojas, observei pessoas e voltei a ligar várias vezes sem sucesso. Eu precisava pensar em algo, arranjar um lugar para pernoitar e continuar tentando entrar em contato com o amigo de Maria.
Comprei um guia de hotéis e como tinha pouco dinheiro, procurei os mais baratos. Além da minha mochila, eu levava uma mala que Maria do Céu havia me presenteado e nela estava todo o dinheiro que me restava e algumas roupas que ela também me deu.
A noite caía e eu decidi procurar pelo hotel que mais se adequava à minha situação. Estava louco para esticar o corpo e dormir um pouco, só que algo inesperado aconteceu: fui abordado por dois homens num assalto. Eles queriam a mala! Instintivamente tentei segurar meu pertence e recebi um soco na cara e senti uma dor fria na barriga. Caí no chão, eles pegaram a mala – que não era grande – e saíram correndo. Quando toquei no lado do abdome, senti algo escorrendo: era sangue. Um dos assaltantes havia me furado com alguma arma branca. Perdi os sentidos.

Acordei sentindo-me mal e fraco no dia seguinte. Uma jovem e bondosa enfermeira me tranquilizou e pediu que eu permanecesse quieto, pois naquele momento estava tudo bem. Perguntei-lhe se havia morrido. Ela sorriu e disse que aquilo ainda iria demorar de acontecer e que eu não me preocupasse com minha mochila, pois estava com ela. Eu estava na emergência de um hospital.
- Felizmente a perfuração foi superficial. Fiz um curativo e você ficará logo bem – acalmou-me. – Olhei seus documentos... Que faz aqui, brasileiro?
- Uma peregrinação.
- É muçulmano?
- Não. Cigano. Como se chama?
- Rebeca.
- É um prazer conhecê-la, Rebeca, eu sou...
- Gilberto.
- Isso mesmo.
- Quem é Nasser?
- Um amigo de uma amiga. Ela me deu o telefone dele... Disse que ele mora aqui no Cairo, mas não consegui manter contato.
- Vi o papel que está com o nome e o telefone dele no seu bolso e quando você estava com febre, chamou várias vezes por ele e por Maria.
- Você poderia localizá-lo para mim?
- Vou ver o que posso fazer.

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