quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O Cigano Peregrino - 27


Dois dias depois encontrei Luiz todo alegre e bem vestido conduzindo um carrinho de cachorro quente. Quando me viu, largou o carrinho e me deu um abraço gostoso:
- Estava louco para te ver, Gilberto! Que tal? – Mostrou-me o carrinho.
- Fantástico! Estou feliz por você!
- Com o dinheiro que você me deu, comprei comida para mim e para minha avó, e fiquei na dúvida se devia pagar algumas dívidas ou investir em alguma coisa que fizesse o dinheiro crescer. Optei pela segunda. Assim, multiplicarei a dádiva que recebi, pagarei o que eu e minha avó devemos no armazém e na farmácia e poderei viver do meu suor, de forma honesta, sem altos riscos.
Emocionado, abracei-o e com lágrimas nos olhos, ele continuou:
- Obrigado por ter aparecido em minha vida.
- Também te agradeço por ter chegado na minha.
- Agora quero que experimente meu produto e diga como está?
- Quanto é? – Fui tirando a carteira.
- Se fizer isso, vai me ofender. Esse é meu presente para você.
Obedeci meu amigo e recebi de bom grado o cachorro-quente e a lata de Coca-cola. Comi e bebi com prazer. Estavam deliciosos! Despedimo-nos, ele foi trabalhar e eu, andar e pensar na vida.

Chegando em casa, contei minhas experiências para Chencha e ela vibrou com minha alegria. Em seguida, percebi certa tristeza em seu olhar e perguntei o que estava acontecendo e ela me respondeu que meu tempo ali estava acabando e embora ela soubesse que não deveria se apegar a mim, pois eu só estava ali de passagem, foi inevitável; eu a cativei.
O pior é que eu também estava bastante envolvido com ela e extremamente apegado. Foi péssimo para eu perceber que brevemente eu iria deixá-la:
- O que nos resta fazer, minha amada? – Perguntei-lhe.
- Viver intensamente o tempo que nos resta, meu amado – foi sua resposta.
No dia seguinte, fizemos amor em Chitzen Itza e ficamos o tempo todo juntos.
Uma semana depois, comprei minha passagem para Buenos Aires.
Alguns dias após, minha amiga levou-me à Cidade do México. No aeroporto, demo-nos um beijo bem doce e demorado. Com lágrimas nos olhos e sorriso nos lábios, nos despedimos com um simples “hasta la vista!”, sentindo que estávamos um no outro para sempre, em qualquer circunstancia.
Fui para a capital da Argentina e passei um dia inteiro dormindo. Só saí para comprar minha passagem.
De lá, peguei um avião rumo a Sidney, Austrália, num vôo transpolar. Eu sentia que novos conhecimentos e aventuras me aguardariam no Novíssimo Mundo.
Embora já saudoso da minha querida Chencha, eu estava feliz! Eu estava bem!

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